INICIADOS OS REGISTROS DE MARÉ


595x3355

Esta campanha foi realizada entre os dias 29 de março e 02 de abril de 2018 com a finalidade de instalar o marégrafo e os sensores de nível d’água na área de estudo de São Caetano de Odivelas, no Pará. Aproveitando a oportunidade, a equipe também realizaou a vistoria em algumas estações da floresta de mangue. 

A equipe foi composta por Filipe Chaves (oceanógrafo, professor da UERJ), Carolina Cardoso (bióloga, estudante de doutorado/PPGMA-UERJ), Adriel Carneiro (oceanógrafo, bolsista na UFPA) e Marcelo Rollnic (biólogo, professor da UFPA).

A data escolhida coincidiu com a Semana Santa, feriado religioso nacional. Saímos do Rio de Janeiro numa quinta-feira de manhã em direção a Belém, onde a equipe ficou completa após o encontro com Adriel, e seguimos para São Caetano. Em São Caetano de Odivelas, ficamos hospedados em uma pousada em frente ao rio Mojuim, de onde era possível acompanhar a mudança da paisagem com a variação da condição de maré. 


Vista do Trapiche na margem do rio Mojuim

 

E que mudança! A maré por lá é caracterizada como macromaré, pois apresenta grandes variações entre a maré mais baixa e a maré mais alta. Nesta campanha, estávamos numa maré de sizígia – maré de maior amplitude – especialmente escolhida para a instalação dos equipamentos de medição de dados de maré: o marégrafo e os sensores de nível d’água. 

 

Marégrafo (branco) e sensor de nível d’água (preto).

 

As informações coletadas por esses equipamentos serão importantes para fazermos previsões de maré em cenários futuros, conhecermos a amplitude de maré local e saber como se propaga a onda de maré dentro do estuário. A amplitude e o comportamento da maré associados à topografia local determinam a frequência de inundação nas diferentes zonas do manguezal. 

No dia 30 de março, primeiro dia de campo, seguimos para o rio Mojuim, até o local previamente escolhido para a instalação do marégrafo. Começamos com a montagem final da estrutura onde o marégrafo seria fixado, fazendo os últimos ajustes. Com a estrutura toda pronta, parte da equipe seguiu para a água para fixar a estrutura e utilizaram um barco como apoio. Sempre atentos ao movimento da maré, Filipe, Adriel e Marcelo foram para dentro da água no momento em que a maré já não vazava mais, atingindo sua menor altura. A instalação do equipamento no local necessitou de grande esforço, pois a estrutura de suporte do marégrafo precisa ser enterrada muitos metros abaixo da superfície de lama que forma o fundo do rio. Essa etapa é muito importante para garantir a segurança e fixação do equipamento, que ficará sujeito à forte correnteza gerada pelo movimento de maré.



Local de instalação do marégrafo, com destaque para a estrutura de madeira onde o equipamento é fixado.

 

No segundo dia, seguimos para os últimos ajustes e término da colocação do marégrafo. Nesse dia, ficamos particularmente impressionados com a magnitude da amplitude da maré, ver o movimento das águas cobrindo e expondo tudo foi incrível! No período desta campanha, estávamos em uma maré de sizígia. Com isso, a amplitude entre a maré mais alta (5,3 m) e a mais baixa (-0,1 m) foi de mais de 5 metros!! 

A comparação entre as duas fotos a seguir ilustra a movimentação da maré. Elas mostram o mesmo local em momentos diferentes, a primeira imagem com a maré “vazia” e a segunda com a maré “cheia”. Utilizamos como referência o poste de iluminação nos dois momentos.

 


Vista da localização do marégrafo com a maré “vazia”.



Vista da localização do marégrafo com a maré “cheia”.


Essa é a época das chuvas no Norte, todos os dias pegamos chuva por lá. O volume de água é enorme, forma como uma cortina de água que cai sobre o rio. Registramos em um vídeo um momento de chuva. São diversos movimentos relacionados à água, seja pela maré ou pela chuva, que com muita força ditam a dinâmica natural local. 

Vídeo da chuva chegando ao rio Mojuim.

Com a colocação do marégrafo concluída, o próximo passo era a instalação dos sensores de nível d’água e a vistoria das estações no mangue. No terceiro dia, começamos instalando um dos sensores. Seguimos para campo com o barqueiro Maicon. Apesar de muito ameaçar, a chuva não caiu forte neste dia.


Vista do céu cinza no dia da instalação de um dos sensores. 

 

Saímos de manhã bem cedo no terceiro dia. Ainda na parte da manhã já havíamos instalado um dos sensores no rio Mocajuba. Após a colocação do primeiro sensor, seguimos para a vistoria das estações de mangue previamente selecionadas. Na vistoria, visualizamos as estações e fizemos a descrição de determinadas características da floresta de mangue. Alguns locais acessamos através de canais por dentro da floresta. Contando com a ajuda da maré cheia foi possível chegar de barco até a estação marcada no GPS. 


Encontramos um igarapé que havia sido indicado em nosso mapa de campo, porém a vegetação estava muito fechada e a maré muito alta, o que impossibilitou nossa entrada por esse local. Munidos de mapas, GPS e todo o material de suporte de campo necessário, seguimos para outra entrada de acesso às estações que precisávamos vistoriar. Conseguimos acessar as estações ao norte da área de estudo, 04 e 03, a estação 02, foi possível observá-la a partir da sua borda e a 01, visualizamos de longe fazendo uma conexão com o que foi visto por fora,  onde desemboca o igarapé.

 

 

Canal de acesso às estações de vistoria da floresta de mangue.



Canal de acesso às estações de vistoria da floresta de mangue.


Finalizamos a vistoria e seguimos para a instalação do outro sensor. Neste momento, a maré já mudava, chegamos ao ponto de instalação na maré “baixa”. Deixamos o barco até onde foi possível andar com ele, pois a maré deixava expostos grandes bancos de areia, as “cruroas”, como são chamadas localmente. 

Esse local nos chamou a atenção em especial, pelas características da floresta de mangue, a quantidade de aves, a calmaria e grandiosidade. 

  

Local aonde chegamos com o barco para a instalação do sensor.

 

Revoada de pássaros no local de instalação do sensor na saída do estuário.

 

Abaixo segue um vídeo deste local.

 

Finalizamos a colocação do último sensor já no final da tarde de domingo, quando concluímos o trabalho de instalação de sensores e marégrafo (em vermelho) e vistoria das florestas de mangue (em amarelo). 




Seguimos dali de volta para o Rio Mojuim e finalizamos o dia de campo com um visitante local na proa do barco.

 

 Recebendo um visitante local na proa do barco...