Primeira Campanha em São Caetano de Odivelas, PA

O destino da 1ª Campanha para coleta de dados de fitossociologia foi a área de estudo de São Caetano de Odivelas (SCO#1), localizada no Nordeste do Pará, na microrregião do Salgado. A área de estudo abrange a porção norte do estuário.


Área de estudo de São Caetano de Odivelas (PA)

A viagem foi realizada entre o final de maio e início de junho de 2017. Nossa equipe foi composta por dois oceanógrafos, os professores Mário Soares e Filipe Chaves, e duas biólogas, as pesquisadoras Maria Rita Olyntho e Ana Carolina Nunes.

Partimos do Rio de Janeiro no dia 29 de maio, rumo a Belém, a partir de onde nos deslocamos de carro por mais 110 Km, até São Caetano de Odivelas.


Trajeto entre Belém e São Caetano de Odivelas

Esse local foi escolhido para a primeira campanha de coleta de dados por ser uma área onde a equipe de pesquisa do NEGEMC possui pesquisa em andamento. Por esse motivo, começar por São Caetano de Odivelas foi uma ótima oportunidade para confirmar a logística prevista, promover o alinhamento entre a equipe e aprimorar os procedimentos de campo.


Margem do rio Mojuim, onde embarcamos para as expedições no estuário.

O Prof. Marcelo Rollnic (UFPA) também fez parte da equipe de campo e concedeu apoio logístico inestimável a essa campanha. O estuário de São Caetano de Odivelas é seu laboratório de pesquisas e, com isso, ele possui profundo conhecimento da dinâmica desse estuário. Ele cedeu e pilotou a embarcação que transportou a equipe pelo estuário e possibilitou o acesso às estações de coleta. 


Deslocamento no rio.

Sua participação ativa na campanha foi muito importante para a definição da estratégia de campo e reconhecimento geral do estuário.


Equipe de campo - Filipe, Ana, Marcelo, Rita e Mario (da esquerda para direita).

Iniciamos a expedição munidos de mapas, GPS, gráfico de marés e todos os equipamentos necessários para cumprir nosso objetivo: realizar o reconhecimento geral do estuário e das florestas de mangue, caracterizar a estrutura vegetal e os parâmetros físico-químicos nas estações de medição pré-selecionadas.

Os cadernos de campo são mapas que indicam a localização das estações de coleta no estuário e seus principais acessos.


Caderno de campo, usado para apoio na localização.

Esse documento é frequentemente consultado em campo para traçar a estratégia de chegada às estações.


Mario consultando caderno de campo para definir acesso às estações de coleta

De forma complementar, usamos o GPS, onde a localização das estações é salva previamente. Esse equipamento aumenta a segurança da equipe e permite a consulta ao trajeto percorrido durante o dia de trabalho.


Tela do GPS indicando a localização da estação de destino.

Paralelamente consultamos a previsão de maré para os dias de campo. Essa informação é indispensável para planejarmos o acesso por canais, desembarque e embarque nas estações. As campanhas na região norte demandam especial atenção a esse fator, pois a amplitude de marés é uma das maiores do Brasil. 


Previsão da variação de maré nos dias de campo.

Apesar de toda a experiência e preparo, encontramos muitos desafios!

Um deles foi a locomoção em áreas de grande variação de maré - nessa semana a variação ultrapassou os 3 metros.  A maré baixa dificulta o acesso a estações localizadas próximas a bancos de lama e canais. Por isso, muitas vezes foi necessário encarar difíceis caminhadas na lama, transpor obstáculos como numerosas raízes e canais ou até mesmo empurrar a embarcação.


Caminhada em banco de lama para acessar a estação 91, indicada pelo ponto azul no mapa.


Travessia de canal por cima de árvores caídas.


Nos canais, em condição de maré baixa, muitas vezes foi necessário carregar a embarcação...

Outro desafio foi a chuva intensa, que nos forçou a interromper o trabalho em algumas ocasiões. 


Forte chuva na floresta.


Integrante da equipe aguardando a forte chuva passar.

Mas persistimos e a recompensa não demorou muito.... Encontramos florestas dos mais variados tipos e muito bem preservadas. 

O que mais chamou nossa atenção foi a dimensão das florestas, com algumas árvores que ultrapassam 30 metros de altura... E, a cada dia, as florestas e o estuário nos surpreendiam com novas paisagens.

Encontramos por exemplo, raras florestas de porte arbustivo, muito densas e dominadas por Laguncularia racemosa.


Aspecto geral de floresta de Rhizophora e Laguncularia.

Também encontramos florestas de médio desenvolvimento, com até 20 metros de altura, compostas por Avicennia e Rhizophora. Além de florestas dominadas por Rhizophora de até 35 metros de altura.


Floresta de Rhizophora.

Algumas das áreas dominadas pelo gênero Avicennia chamaram a atenção da equipe, principalmente pelo porte. Chegamos a encontrar árvores com mais de 3 metros de circunferência!


Grande indivíduo de Avicennia

Medimos cuidadosamente cada uma delas, além de registrar as informações importantes observadas em campo como a identificação de processos ecológicos nas florestas e a influência de fatores físicos e geológicos sobre o desenvolvimento das florestas de mangue.


Medição de diâmetro.


Anotações sobre a floresta em campo.

Depois de cinco dias de dedicação em campo, havíamos coletado dados de 18 estações. O objetivo da campanha de obtenção de dados foi alcançado!! 


Estações medidas (em vermelho) e vistoriadas (em amarelo) nessa campanha.

Regressamos com os dados coletados, grandes aprendizados, boas lembranças e energia para dedicar aos novos desafios nos manguezais da Costa Norte.


Por do sol no estuário ao final do dia de trabalho.